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Crônica do campus: Engradado

Foto do escritor: Ascom/CogepeAscom/Cogepe

No final de setembro, eu postei um breve diálogo fictício que segue ao final deste texto. Antes, contudo, eu acho importante tecer uma explicação sobre o tema escolhido para esta crônica: as perguntas que nós, trabalhadores da Fiocruz, estamos cansados de responder.


Quando nos identificamos como trabalhadores da Fundação, é comum que nosso interlocutor questione se conhecemos fulano ou beltrano “que também trabalham na instituição”. As pessoas entendem a Fiocruz como sendo o castelo e, no máximo, um pouquinho mais de prédios no entorno. Elas não imaginam o tamanho real do campus de Manguinhos, não fazem ideia da quantidade de pessoas circulando, e, muito menos, que haja outras unidades da instituição espalhadas pela cidade do Rio e por outros Estados do Brasil. Aos olhos dos que desconhecem a Fundação, trabalhar lá é a certeza de que somos amigos íntimos de fulano ou beltrano.


Outra pergunta comum que nos é dirigida diz respeito a formação profissional. “Não sabia que você era cientista?” Não sou, respondo, assim como praticamente todos aqui da Cogepe também não são. “Mas o que faz um jornalista na Fiocruz?”. Em geral, este é o complemento do diálogo. É comum associarem a Fundação somente a sua missão principal de fazer ciência, sem dar-se conta de que para fazer ciência é fundamental a existência de uma engrenagem complexa de trabalhadores com atuação em áreas diversas.


Com a Covid e a consequente angústia natural que tomou conta do povo em relação à descoberta de uma vacina, um novo diálogo começa a ganhar espaço nas rodas de conversa quando sabem que somos trabalhadores da Fiocruz:


- Oi Edu, quando fica pronta a vacina da Covid?


- Não sei.


- Como não!? Você não trabalha na Fiocruz?


- Sim, trabalho, mas não tenho como responder sobre a vacina.


- Poxa, que decepção. Achei que você sabia a data.


- Ninguém sabe ainda. Estamos todos na expectativa e na torcida.


- Entendi, mas você pode me prometer uma coisa?


- O quê?


- Quando a vacina ficar pronta, você leva um engradado para o churrasco de comemoração.


- Levo sim. Prometido. Qual a marca de cerveja que você gosta?


- Que cerveja nada! Eu quero um engradado de vacina.


(Por: Eduardo Müller - Ascom/Cogepe)


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