A frase que dá título a esta crônica remete ao meme que circula pelos zaps e redes sociais no período de quarentena. O doutor Dráuzio Varella, protagonista da montagem fotográfica viral, conhece o campus de Manguinhos e, certamente, se encantou com a beleza do local. O campus de Manguinhos é belo em muitos aspectos: na sua arquitetura histórica, talhada pelo talento do português Luiz Moraes Júnior; no acúmulo do saber científico, que nos transforma como indivíduos e sociedade; na natureza que o cerca entre a sombra do arvoredo e o canto dos pássaros; mas, sem dúvida, o campus de Manguinhos é belo pela diversidade de pessoas que por ele circulam.
Com a pandemia houve, inevitavelmente, a diminuição do ir e vir dessa gente pelas suas ruas e recantos. O cantar dos pássaros fez-se mais nítido, assim como o chacoalhar das folhas das Babosas Brancas, Figueiras, Palmeiras, Canafístulas e Guapuvurus. Se por um lado, o conhecimento científico segue ampliando-se frente a urgentes demandas, por outro, os prédios históricos vivem uma solidão comparada a do cientista em frente ao seu microscópio. Onde estão as pessoas? A resposta é simples. Em suas casas, de corpo, em Manguinhos, de alma. É necessário partir daqui o exemplo do distanciamento social. Reinventamo-nos em um processo de trabalho, que nos colheu abruptamente na rotina e na saúde, para seguirmos dando respostas a outras tantas perguntas formuladas.
Enquanto acomodo as palavras neste texto, olho pela porta entreaberta o segundo andar do Quinino. Muitas são as portas fechadas, as luzes apagadas. Fecho-me em introspecção ao lembrar dos amigos e colegas que o vírus impediu a convivência. Como estarão em suas casas transformadas provisoriamente em extensões das salas de trabalho?
Se na Coordenação de Saúde do Trabalhador, a vida segue agitada com a prestação de assistência a todos que por lá buscam o conforto para as dores físicas e as angústias do psicológico, na Creche ressentimo-nos da ausência da alegria infantil, a nossa fonte da juventude no campus. Na Escola Corporativa, as salas de aula esvaziadas contrastam com as dezenas de janelas alinhadas no aplicativo de conferência virtual. Ainda bem que temos a palavra escrita e falada, que nos aproxima pelas notícias e lives, onde sabemos que todos seguem unidos na distância, e cientes das responsabilidades diante dos desafios impostos a nós e à instituição.
Que saudades do campus de Manguinhos, né, minha filha?
Por: Eduardo Muller (Ascom/Cogepe)
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